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Astronauta

9 - Pais e seu Renatos

Season 1, Ep. 9

Parece um grande fetiche,

mas é só sexo ruim,

talvez uma madrugada em São Paulo,

o nosso cansaço mental nasce de discussões hipotéticas,

tamanha é a nossa solidão,

visceral

vício

de querer a resposta certa para a discussão que perdemos

 

Faz muito tempo que não sonho

da última vez nem me lembro,

acho que nunca aconteceu,

era uma mania dos meu pais,

eles tinham lágrimas exatas

sonhos bem definidos,

decepções tão acertadas

elas já estão acostumados e por isso não pensam no divórcio,

nem no amor-próprio, nem nisso,

os filhos vieram e os sonhos se foram,

o eterno ciclo de “dar um jeito”,

mas se a minha ambição fosse tão forte

quanto os desejos que eles tinham,

eu me levantaria dessa cama

e correria a cidade inteira,

faz tempo que não penso em nada, perdi a criatividade,

faz tanto tempo que fui são, que nem posso me declarar doente,

eu sempre fui ausente e por isso ela agora tá com outro

ele não tinha amor, mas abriu os braços,

ofereceu abrigo e proteção

 

É tanta inércia que eu nem sinto a minha dor,

eu poderia listar uma série de substantivos

que não fazem muito sentido, mas rimam,

me limito a dizer que ela tava certa,

lá em casa tem um poço

e a água tem gosto de merda

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  • 1. 1 - Oriente

    00:33||Season 1, Ep. 1
    No oriente,terra nascenteNo horizonte,o solNo ventre,a civilização Nas frestas das janelas,o vento soprou primeiroNo oco das flautas,o sopro encontrou o somNo oco das armas,a pólvora encontrou a explosão,No oco dos cachimbos,o ópio encontrou a combustão Eu corro,corro,mais de mil léguas percorro,porém continuo deitadodesatino fadadonunca consigo alcançar o dragão
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    00:36||Season 1, Ep. 2
    Às vezes a execução desmantela a inspiraçãoo pensamento singeloque desenha um lindo castelonas curvas da massa cinzenta;a emoção que o coração não pulsa,a mente inventa;o desespero se compulsaquando os sentidos percebemo que realidade não sustenta;os olhos devemum brilho de luz à memória;o nerd esquisitosente no coração o sopro do apitoe mas a ansiedade mais alto começa palpitar,em vão repete a mesma história,a incansável vergonha de amar
  • 3. 3 - Retinas

    00:31||Season 1, Ep. 3
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  • 4. 4 - A maldita rima de Sipriano

    01:11||Season 1, Ep. 4
    A sua beleza é natural,a natura que dura no brilho do seu olharnaturaliza a belezaque a natureza já não pode mais mostrar;quando ficamos sozinhos,na nossa cama,de todo jeito inflama,o amor se faz torrencial;na mimosisidade dos carinhos,penteando os seus cachos com o narizeu que tudo sabia, me torno aprendizna melodia dos afagos, fico a pensarno quanto de defeito que háno obsessivo perfeito que o homem tenta recriardevastando tudo;num pigarro bruto,o pássaro mudo não consegue chiaro esfacelamento das conchas do marmorreu sem conseguir avisar,tossindo fumaça de gasolinae nesse caos apocalípticovocê é a luz que me fascina,a esperança que me contamina nessa terra de penitência,o mundo se perdeu da própria essência,mas a delicadeza dos seus gestosme faz esquecer a crise globala minha própria crise existencial,a prescrição dos manifestoso meu senso críticoa nossa paixão toma conta do are eu só quero te respirar
  • 5. 5 - Dedos ocos

    00:38||Season 1, Ep. 5
    Meus dedos são ocosde tantos socos que eu dei contra paredes;os meus dedos são ocoscomo são ocas as minhas ideias,os meus dedos são ocos,como ocas são as minhas poucas relações;os meus dedos são ocoscomo é o oco tudo que me circundameus dedos são ocos;como é o oco o meu serque não admite seroutra coisa além de uma massa de músculosum amontoado de nervos que se torcem até explodir;eu sou oco e não me toco de ser,ser oco é destinodo homem que nega o seu lado feminino
  • 6. 6 - Criações

    00:34||Season 1, Ep. 6
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  • 7. 7 - Credo

    00:08||Season 1, Ep. 7
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  • 8. 8 - Cride

    00:16||Season 1, Ep. 8
    Tudo ao meu redor o celular captura,eu não vivo a realidade, só a disrupturanada duramais que trinta segundose nem um segundo a maisÔ Cride, fala pra mãe, é que o Tik Tok me deixou burro demais