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Astronauta

5 - Dedos ocos

Season 1, Ep. 5

Meus dedos são ocos

de tantos socos que eu dei contra paredes;

os meus dedos são ocos

como são ocas as minhas ideias,

os meus dedos são ocos,

como ocas são as minhas poucas relações;

os meus dedos são ocos

como é o oco tudo que me circunda

meus dedos são ocos;

como é o oco o meu ser

que não admite ser

outra coisa além de uma massa de músculos

um amontoado de nervos que se torcem até explodir;

eu sou oco e não me toco de ser,

ser oco é destino

do homem que nega o seu lado feminino

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  • 1. 1 - Oriente

    00:33||Season 1, Ep. 1
    No oriente,terra nascenteNo horizonte,o solNo ventre,a civilização Nas frestas das janelas,o vento soprou primeiroNo oco das flautas,o sopro encontrou o somNo oco das armas,a pólvora encontrou a explosão,No oco dos cachimbos,o ópio encontrou a combustão Eu corro,corro,mais de mil léguas percorro,porém continuo deitadodesatino fadadonunca consigo alcançar o dragão
  • 2. 2 - Vergonha de amar

    00:36||Season 1, Ep. 2
    Às vezes a execução desmantela a inspiraçãoo pensamento singeloque desenha um lindo castelonas curvas da massa cinzenta;a emoção que o coração não pulsa,a mente inventa;o desespero se compulsaquando os sentidos percebemo que realidade não sustenta;os olhos devemum brilho de luz à memória;o nerd esquisitosente no coração o sopro do apitoe mas a ansiedade mais alto começa palpitar,em vão repete a mesma história,a incansável vergonha de amar
  • 3. 3 - Retinas

    00:31||Season 1, Ep. 3
    Eu acredito que não estou apaixonado por vocêmasvis à vistête à têtenós dois no chão da quitinetetudo muda e o meu mundo gira entorno do seu sermesmo que você não queira serminha namoradamesmo que essa história sejauma réplica do roteiro de “Vidas passadas”mesmo que esse amor sejauma tiririca que brotou entre as ruínasé inegável a magiade olhar no fundo das suas retinas
  • 4. 4 - A maldita rima de Sipriano

    01:11||Season 1, Ep. 4
    A sua beleza é natural,a natura que dura no brilho do seu olharnaturaliza a belezaque a natureza já não pode mais mostrar;quando ficamos sozinhos,na nossa cama,de todo jeito inflama,o amor se faz torrencial;na mimosisidade dos carinhos,penteando os seus cachos com o narizeu que tudo sabia, me torno aprendizna melodia dos afagos, fico a pensarno quanto de defeito que háno obsessivo perfeito que o homem tenta recriardevastando tudo;num pigarro bruto,o pássaro mudo não consegue chiaro esfacelamento das conchas do marmorreu sem conseguir avisar,tossindo fumaça de gasolinae nesse caos apocalípticovocê é a luz que me fascina,a esperança que me contamina nessa terra de penitência,o mundo se perdeu da própria essência,mas a delicadeza dos seus gestosme faz esquecer a crise globala minha própria crise existencial,a prescrição dos manifestoso meu senso críticoa nossa paixão toma conta do are eu só quero te respirar
  • 6. 6 - Criações

    00:34||Season 1, Ep. 6
    Criaçõessão constantes construçõescravadas na utopiano felizardo dia, aniversário,sai da crica a criança que cria universos perfeitos,onde não há crimenem quem queira ser cruel Criar uma canção,mais belo louvor,em que a dor não tem começonem tem fim o amor Construçõessão sonhos que acorrentamos no baú,escondido no porão mais profundoque sacoleja na ansiedade sublime de explodire recolorir o mundo
  • 7. 7 - Credo

    00:08||Season 1, Ep. 7
    Eu tenho credo de credo,porque eu creioque acreditaré crerque há créditoem criar ilusões
  • 8. 8 - Cride

    00:16||Season 1, Ep. 8
    Tudo ao meu redor o celular captura,eu não vivo a realidade, só a disrupturanada duramais que trinta segundose nem um segundo a maisÔ Cride, fala pra mãe, é que o Tik Tok me deixou burro demais
  • 9. 9 - Pais e seu Renatos

    01:24||Season 1, Ep. 9
    Parece um grande fetiche,mas é só sexo ruim,talvez uma madrugada em São Paulo,o nosso cansaço mental nasce de discussões hipotéticas,tamanha é a nossa solidão,visceralvíciode querer a resposta certa para a discussão que perdemos Faz muito tempo que não sonhoda última vez nem me lembro,acho que nunca aconteceu,era uma mania dos meu pais,eles tinham lágrimas exatassonhos bem definidos,decepções tão acertadaselas já estão acostumados e por isso não pensam no divórcio,nem no amor-próprio, nem nisso,os filhos vieram e os sonhos se foram,o eterno ciclo de “dar um jeito”,mas se a minha ambição fosse tão fortequanto os desejos que eles tinham,eu me levantaria dessa camae correria a cidade inteira,faz tempo que não penso em nada, perdi a criatividade,faz tanto tempo que fui são, que nem posso me declarar doente,eu sempre fui ausente e por isso ela agora tá com outroele não tinha amor, mas abriu os braços,ofereceu abrigo e proteção É tanta inércia que eu nem sinto a minha dor,eu poderia listar uma série de substantivosque não fazem muito sentido, mas rimam,me limito a dizer que ela tava certa,lá em casa tem um poçoe a água tem gosto de merda